Corrupção é tradição na <i>Siemens</i>

Os sucessivos casos de corrupção que recentemente têm abalado a multinacional alemã Si­e­mens não são afinal episódios isolados, fruto da ambição de alguns executivos menos escrupulosos.
Segundo revelou, no domingo, o semanário Der Spi­egel on-line, há documentos nos arquivos da empresa que provam a existência de um fundo especial para pagamento de subornos pelo menos desde os anos 50.
A revista alemã reproduz um documento escrito pela mão do presidente do conselho de administração, Hermann Franz, na qual este descreve uma conversa tida com o então presidente da Si­e­mens, Gerd Tacke. Segundo as notas de Franz, Tacke teria dito estar «completamente convencido» de que «o comércio exterior só é possível com o auxílio de subornos e dos instrumentos necessários para tal, ou seja, dos “sacos azuis”».
Mesmo ao nível a contabilidade já existia um termo para descrever este tipo de pagamentos ilegais efectuados pelos responsáveis da empresa. Chamavam-lhes «despesas úteis» e ficava tudo explicado.
Os documentos acedidos pela Spi­egel referem ainda tentativas de executivos colocados no estrangeiro de, no regresso à Alemanha, recorrerem aos subornos para obter negócios sumarentos, prática considerada «perigosíssima» em solo germânico.
Os escândalos de corrupção dentro do grupo foram os maiores jamais revelados na história empresarial alemã. As investigações em curso apuraram pagamentos suspeitos no valor de 1,3 mil milhões de euros. As multas aplicadas pela Justiça, os pagamentos ao fisco e as auditorias internas já custaram ao grupo 1,9 mil milhões de euros.


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